domingo, 10 de abril de 2011

Enfim nós

Nós casamos. Foi em novembro, e desde então estamos experimentando o que há de bom em morar junto.
Começamos os dias sem rack, sem sofá, fizemos muitas refeições sentados no chão com os pratos arrumados em uma caixa de papelão. Tem sido muito divertido.
Foi estranho dividir a cama nos primeiros dias, esbarrar no outro, certa noite meti meu olho no cotovelo dele [hahaha]. Mas é bom acordar ao lado de quem se ama, reconhecer o cheiro, ouvir a voz. A gente ri muito, e quase não discutimos. Tivemos que nos acostumar com o ritmo do outro, temos que dividir a TV. Mas gostamos de partilhar. Lemos junto. Pensamos no futuro e conversamos muito mesmo.
Me sinto feliz. =)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

De volta

Faz tempo desde a última postagem. Tanto tempo que quando a coceira nos meus dedos voltou pensei em começar tudo de novo, novo endereço, novo tudo. Não sei bem porque desisti.

Mas muito mudou. Finalmente tenho um emprego razoável e casei com o mesmo rapaz que já inspirou alguns versos que arrisquei.

Vai fazer três meses. E depois de divertidos dias assistindo TV deitado no chão e comendo numa improvisada mesa de papelão, temos mobília.

Temos mobília, temos planos, temos dado boas gargalhadas juntos. Estou adorando :)

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Chovia muito. Meus pés estavam encharcados, e eu não conseguia sair da chuva. Obeservava.
O som dos pingos d’água no guarda-chuva parecia diminuir a confusão que se passava em sua mente. Ela andava sem rumo, sem olhar pro lado, sem encarar ninguém. Caminhava apenas. Atônica. Ora chovia também. Ora secava a cidade inteira com suas amarguras.
Ás vezes queria correr. Largar a sombrinha e correr na chuva. E sentir os pingos em seu rosto e misturar as lágrimas e os lamentos. Ora queria estar seca, de um ponto distante assistindo o mundo se afogar. Foi tudo que ouvi quando vi aquela mulher caminhar na chuva. Não resisti, quando passou por mim abruptamente me escalei em baixo de seu guarda-chuva. Ela num susto parou. Eu a encarei. Ela enxugou os olhos com o punho e deixou o rosto todo a mostra quando afastou os cabelos.
Questionou-me com o olhar, pra onde vai? Eu, silêncio por poucos segundos, que pareciam eternos, imaginava se ela ouvia meu coração pular do peito. Disse a ela que não me importava, só queria caminhar um pouco debaixo de chuva e pedi que ela me levasse até onde pudesse e quisesse. Ela me olhou. Eu tremi. Ela voltou ao seu autismo e seguiu. Três passos. Eu fiquei parado na chuva. Ela voltou. Colocou-me embaixo do seu abrigo e com um desviar do olhar me convidou a acompanhá-la.
Naquele minuto a chuva pareceu quente e acolhedora. Eu ao seu lado queria saber seu nome, profissão, desejos, mas sabia que só me cabia o silêncio. Não podia interrompê-la. Seguimos até ela me abandonar na frente de uma loja de departamentos. Entendi que não tinha mais permissão de acompanhá-la. E por mais que meu desejo fosse segui-la, me contentei em admirar sua imagem afastar e se misturar entre as outras pessoas.
*
Érico - alter-ego masculino