sábado, 3 de novembro de 2007

mais uma vez

Era uma pressa tão grande quanto inexplicável. Como se o último dia tivesse chegado, como se o último minuto fosse o seguinte. Tantos eram os cheiros, cores, sabores e calores que ela queria sentir pela última vez. E ficava perdida ao passo que as lembranças se misturavam aos desejos que não era mais capaz de distingui-los.
Quis gritar, quis chorar, quis rodopiar, gargalhar e rezar.
Eu só podia observá-la. Tentar e fracassar corresponder os seus anseios eram pequenas facadas no meu peito. Eu queria acompanhá-la, mas não tinha certeza dela querer companhia.
Então ela me fitava por longos e eternos cinco segundos. Segurava minha mão e a beijava, e como se me tirasse pra dançar me puxava para o meio de seus devaneios e segurando minha mão girava e fazia de mim seu contrapeso.

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por Érico, alter ego maculino cada dia mais sensível.

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